domingo, 27 de abril de 2008

O banquete

Estava quase pronto, le maître de cousine fazia as últimas tortilhas para a sobremesa.Tortilhas de mel com pimenta.Receita da avó.O banquete seguiria com a fartura normal daqueles tempos de colheita.
Sentou -se num banquinho mais próximo.Sentiu um cheiro muito agradável.Preocupou-se com ele por alguns momentos.Quis saber de onde vinha.Chegou mais perto e perguntou se podia provar um pedaço daquele pudim azul.Cor estanha para um pudim.Seria agradável o sabor? Sentou-se então na mesa do banquete e resolveu que provaria de tudo um pouco.Mesmo coisas sem atrativos especiais.Só pra saber-lhes o gosto mesmo.Vestia um casaco azul da cor do pudim (pensei que talvez por isso - quisesse combiná-los - tinha mania de cores).Fazia um frio leve.Talvez ela pudesse tirá-lo mas preferia manter junto ao corpo para causar maior impressão.Observou as pessoas em volta.Todas muito alegres e sorridentes.Ela não sorria.Mas estava de fato contente com as sensações momentâneas.Despediu-se e foi embora.
Um fluído certo, de dentro pra fora."preciso sair".Não deixo.Preciso que fique aí quieto como está.Cozinha mais um pouco.Precisa de ponto de cozimento certo pra ser gostoso.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pela vigésima vez

Descobri a verdade! Era tudo uma grande mentira.
E como não haveria de ser? Invenções eu posso fazer quantas quiser sem que eu mesma não me perceba mentindo (ou finja não perceber).Ah mas agora eu me peguei.Não vai mais mentir comigo não.Ah mas não.
Ela era de preencher espaço de coisa inalcançável.Ah isso sim.É só a terapia de mim- com- migo- mesma pra mandar pra longe essas trezentas noites sem dormir e devaneios tão entorpecentes.Ah voz macia.Deixaste-me dura.Amoleço é de agora.
Lou Salomé, Martha Graham, Olga Benario, Marquise, Camille Claudel, Isadora Duncan, Isabel Allende, Edith Piaf...

terça-feira, 22 de abril de 2008

virando quase um morcego de olhos bem abertos

Incessante ardor que me corrói.Que eu corrôo a mim desse jeito doentio que era.Doença é coisa ruim pros olhos.Enxerga outro lado que você fica legal. Adoece mais não.

devaneios guiados

#Queria ter um lugar assim que eu pudesse ficar quietin.Quietin de ser eu mesmo.Um amor seria bom .Quem sabe no final?De conseguir expressar. Da cor que for.

#Dionísio me disse uma vez.Você consegue pular?
Pensei assim cá comigo messs: e como não? Basta flexionar os joelhos e dar um impulsozinho.Mas eu não falei.Pensei , nada foi mais.Ele me embebedou e foi embora sem ouvir a resposta.Dionísio querido , estou a te buscar.Só sei a teoria.Pulo alto não.Você me disse que pularia?

#Verdade verde vem de mim pra fora de migo mesma. A tal que era a tal, não é mais e caiu num tombo tão leve de nem perceber os roxos.Não tiveram, só dores. Lá na psique mesmo.Ela é que dói mais que corpo.Dói de não acabar mais.E tem remédio não.Poesia é que é remédio?

#Ca trouxe pra dendimin um medinho de suspirar por vozes.Ah as vozes, já me apaixonei por uma.Tão doce de ser quase deusa sem corpo lindo.A voz que era linda.

#Minha gata está a cá me dizer que não é minha, por mais que eu reclame.Diz ela que é de miau.Fazer o que?Miau também procê.

#Tive cinco donos.
O primeiro caiu num buraco, o segundo cubriu o buraco, o terceiro plantou bananeira. A bananera nasceu e veio o quarto.Lá no quarto agente era feliz, feliz de felicidade boa.Era ruim não.O quinto veio sem face.Ainda não vi.

#Verdade seja dita. Poesia traz comida pra mesa não.Traz é alegria pra boca.Aquele tal de sorriso, de face feliz.Alimenta que é de fazer preenchimento no buraco cavado antes.Fumo um cigarrin e pronto. Posso dormir de barriga cheia.De fumaça.

#Vamo dormir que eu não consigo.Vo ter que tomar remédio.Cerebro parar não quer é apertar botãozinho preto com manchinha escrita de branco.

#É que lava. Ele me diz sem dizer.Tem boca não.Tem é meio de opinião de mundo.De virtualidade de emoção.

#Buraco lavado é casa pra morar pensamento, pra cobrir depois de massa pura, de emoção nova.Que que eu faço então?Vo morar lá longe que é pra entender bem desse buraco. Cobrir com quarquer coisa?Quero não.

#Viajar demais é disso que eu padeço.Pareço bem pra você?Porque pra mim pareço não.Pareço que não pareço com nada.Como se tivesse em contramão.

#Contramão de não sei onde.Aonde eu quero chegar com isso?

#Rir do nada.Aí eu finjo um sorriso e pronto.Tá feito o negócio.

#Buraco pra não sei onde.Não sei de que.Sei sim é tudo de mentira.Falo pra falar mesmo.Pra que mais seria?Pra significar é que procê num falo.falo não.

devaneios guiados # 2

#Vim vivi e venci.nada.só mente existi.se existir for vencer pode-se dizer que sim.

#Aquelas flores amarelas me olham como se eu fosse uma fada alvinegra.alva e negra.como se tivesse em mim dois lados complementares. De fato são.mas não sei mostrá-los.

#Que ajuda eu teria se te pedisse?Pediria:podes me ajudar com minha tarefa de existir em mim e no mundo.Mas que mundo?Que mundo eu vivo?Não sei dizer.Me ajuda a saber?

#Flácidas águas borbulhantes.Correm em minhas veias cor de pálida.Sem sangue sem nada.
Se o nada existir.

#Vividas fontes de águas borbulhantes carregam meus sentidos.Da fonte pode brotar um só jeito:azul.Mas se vermelho for me nego a sair.
Pra que sair, se encontrar –me mesmo não tem fim?

#Viajo no seu laço. Me enlaço pra fugir.Foge comigo?Mas se eu não fugir vai sozinha.Tem perigo não.

#Ver o verde só me enverdeia se eu for de anil.O gris da minha unha eu já comi.Roer unhas é tarefa árdua .De cotidiano ser também. Alcanço no meio do nada uma volta pra algum além, que ainda chamo.Se eu clamo não foge mais?Vem ficar pertin di mim pra eu poder te maltratar?

#De malstratos faço pouco.Faço é comigo mesmo.Se arrede não.O banquin ta aqui do lado.

#Se eu te matasse mataria o medo de sair ao mundo.Mas e se não houvesse mundo para onde eu iria? Talvez pra dendimim.

#Porque escrevo a esmo?É mais fácil de contar.Conto sem pensar.Se não, bloqueio deixa não, sair as lagrimas que não cedo nem fudendo.

#Viajo num espaço alado da cor de algum lugar.Lugar de na sei onde.Não sei aonde chegar.

#Quero mesmo é ver sair.Espero que isso haja.Se não houver não morro não.Só me faço é brotar.Mas em algum outro lado.

#Broto novo de arve verde.Que depois tem flor e lilás.

E vem rima que é uma coisa.Posso deter não.De ter é eu de mesmo.De novo, de novo, de novo...

conversa trivial

Olhei pro alto e logo pensei:é azul.
-azul oque?
- acor do infinito
- porque azul?
-porque eu disse que é.
mas eu estou só pensando como você pode responder?Me ouve?
-ouço sim, eu sou o infinito.

Angelina e sua mãe

- Vou tomar remédio.
A reação não foi das melhores, me disse que ficasse quietinha no meu canto.
Pensei na minha meninice - Amuadinha não fico mais.
-É que quero saber o que acontece depois.
-Depois de que?
-Depois de tudo ué, depois de acontecer alguma coisa - preciso que aconteça alguma coisa.
(Será que eu penso demais? Deveria falar ao invés de só pensar?
Não sei se as pessoas estão preparadas pra me ouvir, eu tenho idéias muito malignas...)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

No.365

Se eu fosse uma vaca, mugiria bem alto.Auto.

(para o café da manhã)

Sorri mais uma vez e disse: a decisão está tomada.Quer também um copo? Aproveita enquanto ainda tenho no pote.O pote é grande (mas não muito).Tem umas florezinhas na borda.Coloridas.
Talvez você prefira um chá de sumiço.Talvez?
Eu já tomei.Quentinho.Estava realmente bom.Gostoso.Como xuxu com laranja.Se você não gosta eu adoro.Sou vegetariana sabe?